21 de abr. de 2009

Centenário de Euclides da Cunha...


A Flor do Cárcere

Nascera ali - no limo viridente
Dos muros da prisão - como uma esmola
Da natureza a um coração que estiola -
Aquela flor imaculada e olente…

E ele que fôra um bruto, e vil descrente,
Quanta vez, numa prece, ungido, cola
O lábio seco, na úmida corola
Daquela flor alvíssima e silente!…

E ele - que sofre e para a dor existe -
Quantas vezes no peito o pranto estanca!..
Quantas vezes na veia a febre acalma,

Fitando aquela flor tão pura e triste!…
- Aquela estrela perfumada e branca,
Que cintila na noite de sua alma…

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